sábado, 4 de julho de 2015

Aqui está o porquê de o Pico precisar de mais voos!

No dia 25 de abril de 1982 foi inaugurado o Aeroporto da ilha do Pico, dando origem a um novo tipo de desenvolvimento e de "independência" da ilha montanha. Ao longo dos anos, os picarotos foram reivindicando mais voos e mais destinos, sendo que no dia 21 de abril de 2005 este aeroporto recebeu o primeiro voo de médio curso proveniente de Lisboa e em 27 de novembro de 2009 foi a vez de o primeiro voo noturno aterrar na ilha do Pico.

Serve esta breve introdução sobre a história do Aeroporto da ilha do Pico para mostrar que o Pico tem vindo progressivamente a crescer em termos de voos. Contudo, há uma questão que se levanta: será que a oferta está ajustada à procura, é excessiva ou inferior ao desejado pelo mercado?

Perguntando a um qualquer picaroto, ele prontamente responderia "é inferior!!!" No entanto, uma resposta justificada e ponderada requer factos que a sustentem. Analisemos então alguns dados:

Mas alguns dirão que talvez o Pico pode crescer mais mesmo sem aumentar o número de voos, sobretudo porque com o sistema de encaminhamentos gratuitos, uma pessoa pode viajar em low-cost para São Miguel e depois pedir gratuitamente o bilhete São Miguel - Pico. Então vejamos como estão os voos de São Miguel para as ilhas do triângulo (Pico, Faial e São Jorge) para a última semana de julho e a primeira de agosto (como o sistema de encaminhamentos gratuitos só permite no máximo uma estadia de 24h em São Miguel, se uma pessoa quiser chegar à ilha montanha é preciso voar para uma das ilhas vizinhas e depois apanhar o barco se o voo São Miguel - Pico estiver cheio; os dados aqui apresentados foram obtidos através de simulações efetuadas no site da SATA no dia 4 de julho):



Ora bem, as conclusões a tirar para quem quer viajar de São Miguel para o Pico são:
  • A ilha do Pico é a única do triângulo onde em mais de metade dos dias analisados não há lugar nos voos;
  • Nos dias 30 de julho e 2 de agosto é impossível chegar à ilha do Pico;
  • No dia 27 de julho a única alternativa é viajar via São Jorge e depois apanhar o barco;
  • Nos restantes dias em que não há voo pelo Pico, existe sempre a "tradicional" alternativa de viajar via Faial e depois apanhar o barco (em relação a este último ponto, é curioso que em todos os dias em que não há vagas nos voos de São Miguel para o Faial, também não as há nos voos para o Pico, o que significa que os voos para o Pico enchem primeiro...).

Resumindo, foram aqui apresentadas várias razões para o Pico precisar de mais voos. A SATA tem outras tendências e apresenta muitas variações (com direito a vídeo) em relação à operação na ilha montanha. Contudo, com estes dados já não serão só os picarotos a dizer que a oferta é inferior à procura, porque contra factos não há argumentos!

Haja saúde!

2 comentários:

  1. Parabéns por mais uma excelente análise, eu e qualquer pessoa olhando para esta análise fundamentada em dados reais fornecidos pela SATA Açores consegue compreender que existe uma oferta deficitária além de uma contínua má vontade com o povo da Ilha do Pico.
    Será a Ilha do Pico uma ameaça tão grande ao desenvolvimento da Ilha do Faial e das empresas privadas lá sedeadas como é o caso da ANA Aeroportos que seja necessário “castrar” o desenvolvimento da ilha montanha?
    No meu ponto de vista penso que os açores ganham mais desenvolvendo 9 ilhas de igual forma com as devidas ponderações geográficas e demográficas do que “castrar” algumas ilhas para que as restantes se destaquem. Porque reprimir o desenvolvimento homogéneo do arquipélago em prol de interesses privados alheios ao bem-estar da população açoriana não me parece nada digno de um estado de direito.

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    1. Muito obrigado pelo comentário.
      Eu também sou da opinião de que o desenvolvimento dos Açores deve ser justo para todos: se há mais procura pelo Pico do que a oferta disponibilizada, então há que aumentar a oferta, porque todos ganham - os picarotos (mais serviços na sua ilha), os turistas (que chegam mais facilmente ao destino pretendido) e a transportadora (que consegue aumentar o lucro)! Se todos ganham, porque não se faz? Essa é a pergunta que a SATA e o Governo têm que responder...
      Haja saúde!

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